sábado, 21 de janeiro de 2012

Meu filho é gay. E agora?

 Meu filho é gay. E agora?



Hoje em dia parece que discutir sobre a homossexualidade é algo que está em alta e que os meios de comunicação de massa querem aproveitar-se.
O que percebemos, porém, no dia-a-dia difere do mundo mágico criado pela televisão, principalmente quando o gay está dentro de minha casa! Aí aquela imagem engraçada e alegre (em inglês, gay) torna-se uma preocupação para os pais.
A questão está justamente na imagem que se tem e nos conceitos criados sobre a homossexualidade. E os conceitos previamente fabricados sobre algo nada mais são do que chamamos de preconceito (pré-conceito).
Os pais têm que quebrar a imagem de achar que um filho gay é um filho querendo ser mulher; de achar que têm um filho que quer usar roupas femininas; de achar que têm um pervertido dentro de casa ou tantas outras imagens errôneas.
No Zorra Total, da Rede Globo, havia um quadro no qual o pai estava falando de quão macho era seu filho aos amigos e, de repente, este filho aparecia saltitando e gritando: Papi! Ao final, o pai virava-se para a câmera e perguntava: onde foi que errei? Aqui está uma das grandes provas de como se vê a figura de um homossexual, isto é, como aquele que é um erro, um desvio, um coitado que saiu anormal, alguém desprezível, uma pessoa com a qual deve-se tomar cuidado e manter certa distância etc.
O carinho, respeito, confiança e orgulho são características intrínsecas aos pais. Será que os pais estão conseguindo transmitir todas estas qualidades de verdadeiros pais aos filhos gays? O amor característico aos pais é o amor incondicional. Será que os pais estão amando incondicionalmente os filhos gays ou estão pondo condições para amar?
Existe o caso absurdo de pais que levam os filhos em médicos quando descobrem a orientação do filho! Ou ainda aqueles que oferecem dinheiro ou o melhor carro do ano caso o filho mude de opinião e deixe de ser gay. Parece até piada, mas acontece aos montes.
Reparem que disse orientação e não opção, pois existe uma grande e substancial diferença entre estes termos. Ninguém opta por nascer gay. Às vezes, ouvimos: nossa, o fulano depois de velho resolveu virar gay. Não é que alguém resolve “virar” gay! O que acontece é que a pessoa sempre foi gay, desde criança, mas sofreu as mais diversas pressões familiares e sociais, não tendo possibilidade de perceber sua real orientação homossexual, ou seja, na primeira oportunidade que lhe apareceu, descobriu.
Pais verdadeiros não sufocam os filhos, pois querem que estes sejam felizes e que descubram o que é o amor. Quem disse que a minha forma de amar é a correta ou a melhor? Ou ainda a única forma e possibilidade de amor? Existe um livro, de um historiador, que se chama “O amor entre iguais”, o qual não tive a oportunidade de ler ainda, mas apenas apreciei a entrevista que o autor concedeu a Jô Soares, no qual ele relata a homossexualidade no decorrer da História. Muita gente não tem conhecimento de que na Grécia, por exemplo, a forma de um homem inteligente se apaixonar era apenas amando um outro homem; apaixonar-se por uma mulher era para os ignorantes, visto que a relação com mulheres era apenas para a procriação, ao passo que o amor era reservado a alguém do mesmo sexo.
O judaísmo tem o sêmen como algo sagrado, simbolizando a vida. O cristianismo tem origens judaicas e, portanto, irá colocar a fertilidade e a procriação como algo sagrado. Porém, nota-se nitidamente apenas uma mudança de costumes ou paradigmas, apenas um contexto cultural diferente, sendo que a cultura dominante foi a ocidental cristã e por isso que a homossexualidade passou a ser vista, desde então, como anormal.
A intenção deste artigo é apenas tentar clarear um pouquinho a mente e o pensamento de pais que muitas vezes sentem-se aflitos diante do que está evidente e claro a eles. E aqui formação acadêmica de nada vale! Tem gente que acha que uma psicóloga irá aceitar o filho, ao passo que uma pessoa que não teve possibilidade de estudos não. Grave erro de quem assim pensa. Pessoas que têm curso superior, pós-graduados, mestrados ou doutorados muitas vezes condenam e julgam, sentados em seu trono da auto-suficiência e arrogância, legitimados em títulos e diplomas. No entanto, nenhum diploma confere respeito, carinho e, acima de tudo, amor.
Senhores pais, o que os senhores ensinaram a seus filhos? A ter vergonha? A ter vergonha de ser o que se é? Então, meus parabéns, pois os senhores estão transformando o próprio filho num monstro, num poço de desânimo e tristeza profundas, em alguém amargo e cheio de conflitos. Em nome do que “os outros vão pensar ou falar” vocês sufocaram o SER de alguém, vocês transformaram o filho de vocês naquilo que vocês querem que ele seja e naquele bonequinho que vocês podem apresentar à sociedade... um bonequinho sem vida própria que vive diariamente sufocando os próprios sentimentos, culpando-se e entristecendo-se por não ser “aquilo que os pais querem que ele seja”.
Muitos filhos que assim foram criados tornaram-se os bonequinhos dos pais e namoraram, casaram e constituíram família. E hoje são os inúmeros homens casados e pais de famílias procurando mocinhos na Internet, nas salas de bate-papo ou nos banheiros públicos das cidades vizinhas. Mais uma vez, parabéns pais!!!
Por fim, quero dizer que não se corrige o que não está errado, que não se torna normal o que não é anormal. Alguém que é gay é gay essencialmente e não ocasionalmente. Existem correntes de pensamento que dizem que um gay vai contra o seu ser. Filosoficamente isto está incorreto, visto que, desde sempre, seu ser, ou seja, sua essência foi sentir-se atraído por pessoas do mesmo sexo. E esta é uma das formas ou orientações da sexualidade. Quem pode dizer o que é normal? Quem estabeleceu os padrões? O que é uma relação sexual normal? Existe alguma relação sexual anormal? Quem poderá julgar? Afinal, entre quatro paredes as pessoas revelam muitas coisas e pessoas consideradas “puras e sem mácula” descortinam-se em momentos de sexo anônimo, por exemplo. E deixou de ser normal? Quem justifica a homossexualidade como algo que vai contra a essência precisa aprofundar-se um pouco mais em Filosofia. Sugiro começar por Sócrates, visto que descobriu a essência do homem (psyché).
Não pretendo e nem quero convencer ninguém de nada. Este é apenas mais um artigo como todos os outros, no qual partilho e filosofo sobre assuntos divergentes. Quero aproveitar e dizer a meu pai, André, e minha mãe, Nair, que os amo muito e que sem vocês eu jamais seria o que sou hoje. Obrigado por estarem comigo e me amarem sempre.

                                                                                                                    André C. Massolini

sábado, 14 de janeiro de 2012

E então, o que é DIVERSIDADE SEXUAL?

E então, o que é DIVERSIDADE SEXUAL?






Sabemos que a humanidade é formada por seres plurais e diversos quanto à maneira de ser, sentir, raciocinar, agir e perceber a vida. Essas pluralidades e diversidades também se aplicam à forma como nos relacionamos afetivamente e/ou sexualmente com outras pessoas. Isso significa que não existe um modo único de relação, que supostamente seja “natural”, “certo” ou “normal”, mas, ao contrário, as possibilidades são inúmeras. Contudo e infelizmente, as pessoas que têm comportamento sexual diferenciado sofrem preconceito e acabam sendo tratadas com desrespeito e desprezo.
A discriminação das pessoas em função de suas diferenças é uma realidade. Em vez de respeitar a diferença como um dos valores de maior prestígio para a humanidade, muitas pessoas consideram o modelo que adotam como melhor e superior aos demais.
Atribuem características negativas a determinados padrões de diversidade e significados sociais negativos às pessoas e aos grupos que os detêm. Os significados sociais negativos atribuídos a essas características são utilizados para justificar o tratamento desigual. Essas pessoas têm muita dificuldade em conviver democrática e respeitosamente com a diversidade e de reconhecer que quem é diferente tem os mesmos direitos e deveres, na vida pessoal e em coletividade. Situações como essas podem ocorrer em relação à orientação sexual, religião, identidade de gênero, raça, cor da pele ou etnia, condição física, estilo de vida ou outra situação.
Para trabalhar de forma mais didática, vamos explicar a diversidade sexual a partir de três eixos fundamentais, mas lembrando sempre que, em nossas vidas, esses fatores interagem de maneira dinâmica. São eles: o sexo biológico, a identidade de gênero e a orientação sexual.
O sexo biológico é constituído pelas características fenotípicas (órgãos genitais externos, órgãos reprodutores internos, mamas, barba) e genotípicas (genes masculinos e genes femininos) presentes em nosso corpo. À semelhança das plantas e animais, pela combinação dos cromossomos X e Y, existem somente dois sexos: XY produz um ser chamado de macho e XX, um ser chamado de fêmea. É importante ressaltar, no entanto, que mesmo a natureza não funciona com uma separação rígida, pois há pessoas que nascem com dois órgãos genitais, conhecidos como intersexuais ou hermafroditas.
A identidade de gênero refere-se a algo que não é dado e sim construído por cada indivíduo a partir dos elementos fornecidos por sua cultura: o fato de alguém se sentir masculino e/ou feminino. Isso quer dizer que não há um elo imediato e inescapável entre os cromossomos, o órgão genital, o aparelho reprodutor, os hormônios, enfim o corpo biológico em sua totalidade, e o sentimento que a pessoa possui de ser homem ou mulher.
Numa definição sociológica, poderíamos dizer que a identidade é um conjunto de fatores que forma um complexo “jogo do eu”, onde entram em cena a interioridade (como a pessoa se vê e se comporta) e a exterioridade (como ela é vista e tratada pelos demais).
Nesse sentido, podemos dizer que ninguém “nasce homem ou mulher”, mas que nos tornamos o que somos ao longo da vida, em razão da constante interação com o meio social. Enfatizamos aqui o termo “e/ou” no tocante às masculinidades e feminilidades: em primeiro lugar porque há pessoas que nasceram com pênis e se sentem femininas, e vice-versa; em segundo lugar, porque se refletirmos melhor verá que cada um (a) de nós traz em si os dois elementos. Mas no fundo, o que se considera masculino ou feminino é resultado de convenções sociais.
A orientação sexual, aqui entendida como a seta ou direção para onde aponta o desejo erótico de cada pessoa, pode ser homossexual, quando se deseja alguém do mesmo sexo, bissexual, quando se desejam ambos os sexos, ou heterossexual, quando o objeto do desejo é do outro sexo. A orientação sexual é uma atração espontânea e não influenciável que só pode ser conhecida plenamente pelo individuo que a vivencia. É, portanto, um equívoco dizer que se trata de uma opção sexual, pois não depende de escolhas conscientes nem pode ser aprendida. A literatura cientifica costuma afirmar que são múltiplos os aspectos – psicológicos, sociais, culturais e até alguma participação de fatores genéticos – que intervêm na formação da orientação sexual. O mais importante é que a encaremos como uma íntima manifestação da pessoa, e que precisa ser respeitada como um direito inalienável: toda pessoa pode se relacionar com qualquer outra, erótica e afetivamente, livre de qualquer constrangimento, com autonomia para reconhecer e exercer os próprios desejos em liberdade e dignidade. Vale, por fim, lembrar que a orientação sexual nada coincide com a identidade de gênero: alguém pode sentir-se feminina e desejar outra mulher, portar-se de maneira masculina e ter atração por outros homens e assim por diante.
                                                                                                              
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                                                                                                                               Alves,M.